quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Adriano Banchieri viveu em Bolonha no início do século 17 e foi um importante teórico e compositor de músicas vocais sacras e seculares, assim como de música instrumental. Escreveu várias farsas musicais e a peça que vamos ouvir é um madrigal a 5 vozes da farsa “Festino nella sera del giovedi grasso” – festim da noite de quinta-feira gorda, que precede o Carnaval, na qual um cuco, uma coruja, um gato e um cachorro improvisam um contraponto sobre um cantus firmus litúrgico cambaleante.

Esta obra foi denominada pelo autor de CONTRAPONTO BESTIALE ALLA MENTE.
Antes de seu início o autor nos brinda com uma peça polifônica a 3 vozes denominada por ele de CAPRICIATA A TRE VOCI, que anuncia o festim descrito: “nobres espectadores, apreciem agora os quatro personagens bem humorados de nossa história: o cuco, a coruja, o gato e o cachorro...”

terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Guia Prático" de Heitor Villa-Lobos

Guia Prático é uma coletânea de 137 arranjos criados por Heitor Villa-Lobos, nos anos 1930, para a música folclórica brasileira. Em 2009 a Academia Brasileira de Música, com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil publicou uma edição especial do Guia Prático em 4 cadernos.

(Fonte: Wikipedia)


Guia Prático de Heitor Villa-Lobos
por Ricardo Prado

O Guia Prático de Heitor Villa-Lobos foi lançado pela Academia Brasileira de Música, com o apoio da Funarte. Uma bela edição, completa e bem tratada, para nos trazer essa praça de imensas, verdes, arraigadas árvores, onde se encontram todos os muitos Villa-Lobos.

Ali está o pesquisador, o compositor, o estudioso, o faminto de música, o insaciável Villa-Lobos. Ali está, a brilhar no cinquentenário de sua morte, o educador Villa-Lobos. E esse é essencial compreender quando acaba de entrar em vigor a Lei 111.796, de 2008, que obriga o ensino e a prática de música nas escolas.

Na valiosa e esclarecedora Separata que abre esta edição, podemos ver que Villa-Lobos pretendia, originalmente, que o Guia Prático tivesse seis volumes – o que revela muito sobre ele. O primeiro – com 137 “cantigas infantis populares cantadas pelas crianças brasileiras”, tem o nome de Recreativo Musical. A mim parece que sua intenção era exatamente essa, a de recrear, divertir e, assim, fazer da educação musical algo do que as crianças pudessem gostar. O segundo, Cívico Musical, a mim lembra o Villa-Lobos em seu momento, no Brasil que, tantas vezes repetindo-se, pretende ensinar seus filhos a reverenciá-lo. Depois, voltando ao recreio, ao prazer da música, ele propõe o volume Recreativo Artístico, um passo adiante, onde a diversão encontraria a linguagem. O quarto volume me parece – é difícil julgar tanto tempo depois – outra vez o contrapasso da dança, em que ele “recua” para o “escolar” do Folclórico Musical, com “temas ameríndios, mestiços, africanos, americanos e temas populares universais”. De todo modo, uma estratégica ampliação de repertório, que segue a cada dia mais urgente.

O quinto volume é uma lição de educação, 73 anos depois do plano do Guia Prático ter sido apresentado, pelo próprio Villa, no “Congresso de Educação Musical” de Praga, em 1936. Ele seria dedicado às “músicas selecionadas com o fim de permitir a observação do progresso, da tendência e gosto artístico, revelados na escolha feita pelo aluno, das músicas adotadas para este gênero de educação”. Ou seja, o aluno contribui para o processo com o seu universo musical, com o seu repertório, tendo a oportunidade de compreender como ele se insere no fluxo da história musical. Assim, o aluno conquista, ganha, se apropria do processo e, ao contextualizar as músicas que possui, na verdade conquista os caminhos para o “todo”. Aqui é importante, ainda, compreender como não ocorreu ao mestre Villa, tantos anos atrás, adotar as categorias que, mais recentemente, as ideologias impuseram às músicas. Em nenhum momento encontrei qualquer referência de Heitor Villa-Lobos à música “erudita” ou “clássica”. A categoria de “popular” ele emprega ou do ponto de vista da aceitação – como em “cantigas infantis populares” -, ou naquilo que ele, de fato, quer disseminar: como em “educação popular”. Mais do que uma cultura “erudita” ou “popular”, nossas crianças precisam de uma cultura da escolha.

O sexto e último volume do Guia Prático, Villa-Lobos planejava dedicar ao Artístico Musical. Depois de convidar ao recreio, de atender à escola, de avançar para a linguagem, de incorporar a experiência de cada aluno ao seu processo, ele avança, seguro, propositivo, para a arte da música, para o repertório das músicas “litúrgica e profana, estrangeiras, nacionais, gêneros acessíveis”.

Villa-Lobos é uma multidão. Não há, entre nós, quem não lhe interesse, a quem ele não escolha. Seu gênio espalhou-se por tanto quanto a música alcança – e a música alcança a tudo. A imensa sensibilidade dele nos legou o Guia Prático e, com ele, um plano tão ambicioso quanto exequível do que podem ser as categorias para pensarmos e realizarmos a educação musical escolar – popular, como ele chamava – em nosso país. Não é por outra razão que, sem qualquer pretensão, essa obra de imensa importância foi chamado de Guia, cujo adjetivo é Prático.

Sensibilidade vem do latim sensibile, que indica aquilo que é voltado para todas as direções. Não tonto, como uma biruta; não doido, como um pião. Algo aberto e convidativo, abrangente, inclusivo, confortável. Como uma praça.


Serviço:
Heitor Villa-Lobos: “Guia Prático” 1° Volume (4 livros)
- Separata (Histórico e fontes do Guia Prático, temas musicais);
- 1° Caderno (Partituras para canto);
- 2° Caderno (Partituras para coro a uma voz e piano);
- 3° Caderno (Partituras para coro a duas e três vozes e piano)

Editora: Funarte / Academia Brasileira de Música (ABM)
Autores: Manuel Corrêa do Lago, Sérgio Barbosa e Maria Clara Barbosa
440 páginas (total dos 4 livros)

(Fonte: www.vivamusica.com.br)

Saiba um pouco mais sobre as obras que estamos cantando e seus compositores



Tomás Luis de Victoria - Ave Maria

Nascido em Ávila, Espanha, em 1548 e falecido em  Madri em 1611, Victoria teve as primeiras aulas de música como coralista de catedral. Enviado a Roma em 1565 por Filipe II, a fim de se preparar para o sacerdócio no Collegium Germanicum, estudou com Palestrina, a quem sucedeu na direção musical do Seminário Romano em 1573. Mais tarde, passou ao serviço da imperatriz Maria, viúva de Maximiliano II da Alemanha. Depois, em Madri, entrou para o Convento de las Descalzas Reales, em1584, onde se tornou mestre de capela e organista, em 1594,  onde ficaria até sua morte.

Sua produção conhecida compreende missas, motetos, além de magnificats, missas fúnebres, salmos, hinos e composições para a semana santa. Em seu último trabalho, o réquiem em memória da Imperatriz, de 1605, faz uso de contrastes tonais antecipando as concepções harmônicas do período barroco.

Ave Maria é uma famosa oração de piedade católica. Durante séculos evoluiu a partir de duas citações do Evangelho de Lucas quando o Anjo Gabriel saudou Maria anunciando o nascimento de Jesus: "Ave Maria cheia de graça o senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto de vosso ventre". Mais tarde a Igreja adicionou os nomes e o pedido final: "Santa Maria mãe, rogai por nós pecadores…"




Johann Sebastian Bach

Bach nasceu em Eisenach, Alemanha, em 1685, e faleceu em Leipzig, em 1750. De uma família com longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se um músico completo. Estudante incansável, adquiriu um vasto conhecimento da música europeia de sua época e das gerações anteriores. Desempenhou vários cargos em cortes e igrejas alemãs, mas suas funções mais destacadas foram a de Kantor da Igreja de São Tomás e Diretor Musical da cidade de Leipzig, onde desenvolveu a parte final e mais importante de sua carreira.

Praticou quase todos os gêneros musicais conhecidos em seu tempo, com a notável exceção da ópera, embora suas cantatas maduras revelem bastante influência desta que foi uma das formas mais populares do período Barroco.

Na apreciação contemporânea Bach é tido como o maior nome da música barroca, e muitos o vêem como o maior compositor de todos os tempos, deixando muitas obras que constituem a consumação de seu gênero.

Apresentaremos a seguir, o coral da Cantata 147: Jesus minha Alegria!



Johanes Brahms nasceu em 7 de maio de 1833, em Hamburgo. Seu pai,Johan Jacob, era contrabaixista e ganhava a vida tocando nos bares e nas tavernas da cidade portuária. Logo ele percebeu os dotes pouco comuns do filho e quando este completava 7 anos, contratou o excelente professor Otto Cossel para dar-lhe aulas de piano. Aos 10 anos, fez seu primeiro concerto público, interpretando Mozart e Beethoven. Também aos 10 anos, frequentava tabernas com seu pai e tocava lá durante parte da noite.

Não tardou a receber um convite para tocar nas cervejarias da noite hamburguesa, ao lado de seu pai. Enquanto trabalhava como músico profissional, Johannes tinha aulas com Eduard Marxsen, regente da Filarmônica de Hamburgo e compositor. Foi Marxsen quem lhe deu as primeiras noções de composição, para sua grande alegria. Brahms foi um grande compositor de canções e, numericamente, os lieder formam a maior parte de sua obra.

O Abschiedslied, canção de despedida, canta a tristeza da separação dos amantes e diz:
“Eu sigo em frente se for necessário
Despeço-me da minha amada
Por fim deixo meu coração para ela
Enquanto eu viver assim será
Eu sigo em frente, eu sigo em frente.”



Renato Teixeira nasceu em Santos em 1945. Passou a infância em Ubatuba, SP, indo aos 14 anos para Taubaté, onde viveu até os 24 anos. No início dos anos 1960 trabalhou como radialista na Rádio Difusora de Taubaté, onde, tomou conhecimento da música sertaneja. Mudou-se para São Paulo em 1967, onde no Bar Patachou, na Rua Augusta, dividiu mesas e debates com artistas de sua geração, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Geraldo Vandré.
Em meados dos anos 1960 formou a "Banda Água", com a qual começou a trabalhar com os velhos temas caipiras. Gradativamente migrou de gênero musical, procurando entretanto mesclas de diversas tendências e estilos musicais. Em 1977  sua composição "Romaria" foi gravada por Elis Regina, tornando-se rapidamente um estrondoso sucesso em todo o país, alterando até velhos preconceitos, ao afirmar convictamente no refrão: "Sou caipira".




Cacilda Borges Barbosa que viveu longamente no Rio de Janeiro, de 1914 a 2010, foi uma maestrina, compositora, pianista e professora brasileira de música erudita e, no início de sua carreira, também de música popular. Aluna de composição de Antônio Francisco Braga na Escola Nacional de Música, Cacilda pertence à geração de autores que estenderam sua produção entre 1940 e o início do século XXI.

Provavelmente sua peça mais conhecida é o coral "Procissão da Chuva", com letra de Wilson Rodrigues, que integra o repertório de grande número de conjuntos vocais brasileiros.



Vinícius de Moraes, carioca, viveu de 1913 a 1980.  Embaixador brasileiro e poeta essencialmente lírico, também conhecido como "Poetinha" , apelido que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos.

Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O Poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o Poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim e Baden Powell dos quais apresentaremos a seguir: "Eu sei que vou te amar" e "Berimbau".



Ciranda da Rosa Vermelha

Ciranda é um tipo de dança e música de Pernambuco mais precisamente da ilha de Itamaracá, onde mulheres dos pescadores cantavam e dançavam esperando eles chegarem do mar. Caracteriza-se pela formação de uma grande roda, geralmente nas praias ou praças, onde os integrantes dançam ao som de ritmo lento e repetido.
O ritmo, quaternário, lento, com o compasso bem marcado por um toque forte do zabumba (ou bumbo), e acompanhado pelo tarol, o ganzá, o maracá, é coreografado pelo movimento dos cirandeiros. São utilizados basicamente instrumentos de percussão.
Ciranda da Rosa Vermelha que ouviremos agora é uma peça folclórica que ficou famosa nas vozes de Alceu Valença e Elba Ramalho.



Rosa Amarela

O coco é um ritmo originalmente criado no estado de Alagoas.
Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino.
O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.
O coco "Rosa Amarela" foi recolhido por Villa-Lobos na Paraíba e publicado no "Guia Prático para ser usado nas escolas brasileiras". Ouviremos a seguir a versão de Luis Vivanco para este coco.



Baião

O baião é, das músicas regionais brasileiras, a única que conseguiu, de fato, projeção nacional
Esse gênero de música tipicamente nordestina foi transformado em música popular urbana a partir de meados da década de 40 graças ao trabalho de Luiz Gonzaga (o rei do baião) e Humberto Teixeira (o doutor do baião).
Segundo Tinhorão o baião teria nascido provavelmente de uma forma especial dos violeiros tocarem lundu na zona rural do nordeste estruturando-se em seguida como música de dança.
O baião que vamos ouvir é um cânone, composto por um dos maiores compositores brasileiros da atualidade,o catarinense Edino Krieger que completou recentemente 85 anos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Coro Jovem da UFF participa do II Encontro de Corais da ASPI-UFF


Projeto "Quinta & Ciência": Coro Jovem da UFF se apresentará no Instituto de Física

UFF Notícias, Natasha Dias


O Coro Jovem da UFF se apresentará no dia 19 de setembro, às 18h, no Projeto Quinta & Ciência, na Biblioteca do Instituto de Física, Campus da Praia Vermelha, São Domingos, Niterói. A apresentação tem duração de 20 minutos. A entrada é gratuita.

Atualmente, o Coro Jovem é constituído por 50 integrantes e vem se apresentando em teatros de Niterói e cidades vizinhas. Seu repertório une músicas renascentista, clássica e brasileira contemporânea.

Para o programa do concerto foram selecionadas, entre outras, as seguintes composições: "Ave Maria", de Tomás Luís de Victoria; "Capriciata a tre Voci" e "Contrapunto Bestiale ala Mente", de Adriano Banchieri; e "Jesus bleibet meine Freude", de J. S. Bach.