Jornal O Fluminense, 28/8/2013, 2º Caderno, Capa, p.6
Joshua Bell faz única apresentação no dia 30, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro
O violinista norte-americano Joshua Bell é hoje um dos maiores astros na constelação internacional de instrumentistas da música clássica. E o eleito “popstar do violino” vai marcar presença no Rio de Janeiro, em única apresentação, no próximo dia 30, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Apelidado de “o poeta do violino”, não só por sua ousada abordagem do repertório clássico, como também pela ausência de preconceitos que o faz abraçar vários gêneros além das fronteiras do erudito, Joshua Bell se transformou em um verdadeiro “superstar pop” mundial.
Recentemente, Bell assumiu o desafio de substituir Sir Neville Marriner à frente da super conceituada Academia de St. Martin in the Fields, com quem já gravou as sinfonias números 4 e 7 de Beethoven. Ele é a primeira pessoa a assumir o posto desde que a orquestra foi formada por Sir Neville Marriner, em 1958. Com um Grammy na bagagem, Bell é um colecionador de prêmios. Integra o Conselho de Administração da Filarmônica de New York e o Comitê do Kennedy Center de Washington.
O poeta do violino, com seu empolgante virtuosismo, pureza de timbre e presença carismática, é um dos violinistas mais célebres da atualidade.
“Há muita coisa para escolher em 400 anos de música erudita. Tem Bach, Tchaikovsky, Ravel, Shostakovich, e eu ainda não conheço tudo isso”, argumenta o artista.
Seja como solista, camarista, líder orquestral ou nos estúdios de gravação, as atuações de Joshua no verão de 2012 incluíram a estreia de um novo concerto para violino e contrabaixo de Edgar Meyer, que ambos apresentaram em Tanglewood, Aspen e no Hollywood Bowl, e a abertura da temporada da Sinfônica de San Francisco. Também dirigiu sua orquestra em uma turnê pela Europa e um recital com Sam Haywood.
Este ano, Bell participou de turnês nos Estados Unidos - com a Orquestra de Cleveland - e na Europa, esta última com a Filarmônica de Nova York, além de apresentações com as orquestras sinfônicas de Tucson, Pittsburgh, San Diego e Nashville.
Buscando sempre oportunidades para ampliar o repertório do violino, Bell estreou novas obras dos compositores Nicholas Maw, John Corigliano, Aaron Jay Kernis, Edgar Meyer, Behzad Ranjbaran e Jay Greenberg. Tocou e gravou cadências de sua autoria para muitos dos mais famosos concertos para violino.
Pode-se dizer que o violinista é muito irreverente. Ele já apareceu algumas vezes em programas na TV, e teve uma histórica participação em um episódio que acabou gravado e virou hit no YouTube: em 2007, tocou incógnito no metrô de Washington D.C. — arrecadou apenas uns poucos dólares — para uma reportagem do “Washington Post” que discutia arte e contexto. A história rendeu um Pulitzer ao jornalista Gene Weingarten e colocou o artista no centro de uma discussão que prossegue até hoje.
O primeiro violino, ele ganhou aos quatro anos dos pais, que o flagravam dedilhando melodias com elásticos de escritório. Aos 12, passou a encarar o instrumento com seriedade, graças, em grande parte, à inspiração do renomado violinista e pedagogo Josef Gingold, que havia se tornado seu querido professor e mentor. Dois anos depois, Bell despertou a atenção do país com sua aplaudidíssima estreia com Riccardo Muti e a Orquestra de Filadélfia. Seu nome só fez crescer após a primeira apresentação no Carnegie Hall e no Avery Fisher Career Grant.
“Eu cresci com muita música em minha casa. Minha mãe tocava piano, meu pai tinha um violino. Ele era um amador, autodidata, então não era muito bom, mas adorava tocar. Na verdade, meu primeiro instrumento foi algo que fiz sozinho. Eu costumava pegar elásticos pela casa e prendia-os nas portas do armário. Então eu abria as portas para criar diferentes tons, diferentes tensões. Fazia melodias. E isso eu fazia quando tinha três anos de idade”, conta.
Em 1989, Bell recebeu um Diploma de Artista do Violino da Universidade de Indiana, onde, hoje, atua como catedrático na Escola de Música Jacobs. A universidade onde estudou fez uma homenagem a ele com um Prêmio Alumni de Serviço Notável; foi também nomeado uma “Lenda Viva Indiana” e recebeu o Prêmio de Artes do Governador de Indiana.
Hoje, Joshua Bell integra o comitê artístico do Kennedy Center Honors e a Câmara de Diretores da Filarmônica de Nova York.
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