1. En natus est Emanuel – de Michael Praetorius
Nascido em 1571 e morto em 1621, Michael Praetorius, filho caçula de um pastor luterano, foi um compositor alemão do período da Renascença, organista e escritor sobre música.
Foi um dos mais versáteis compositores de sua época e tremendamente prolífero, tendo suas obras mostrado influência dos contemporâneos Samuel Scheidt and Heinrich Schütz. Ficou famoso como compositor de música sacra.
A peça de sua autoria "En natus est Emanuel" é um belo exemplo da sua rica trajetória musical.
A letra da música, em versão na língua portuguesa, diz o seguinte:
“É nascido Emanuel, o Cristo Senhor
Como predisse Gabriel
Ele é o nosso salvador
Ele está deitado na manjedoura
E esta criancinha é Deus
Nos ilumina um claro fulgor
de Maria a virgem pura”
2. Ave Maria – de Heitor Villa-Lobos
Heitor Villa-Lobos nasceu em 1887, no Rio de Janeiro e foi um dos maiores compositores brasileiros do século XX. Escreveu inúmeras obras instrumentais e vocais. Esteve envolvido, dentre outros, com o projeto educacional do canto orfeônico nas escolas primárias e normais, que inclusive previa a formação de um grupo de professores especializados em canto orfeônico, além de promover concertos didáticos.
Villa-Lobos compôs muitas Ave-Marias para canto e coro desde sua juventude até sua idade madura.
A oração da Ave Maria é uma saudação à Virgem e é a mais familiar de todas as orações usadas pela Igreja Católica. Seu texto é composto por três partes distintas:
1. Saudação do anjo Gabriel dirigida à Maria, anunciando-lhe a sua concepção: “Alegra-te, cheia de graça. O Senhor está contigo.”
2. Saudação que Isabel fez à Maria, sua prima: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!”, e
3. Súplica ou prece adicionada posteriormente pela Igreja: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.” Foi estabelecida definitivamente pela Igreja em 1568, pelo Papa Pio V
A Ave Maria, de autoria de Villa-Lobos, que ouviremos a seguir, foi composta em 1916.
É uma peça escrita para coro de duas vozes, que são cantadas em forma de cânone.
3. Dadme albricias hijos de Eva! – do Cancioneiro de Uppsala
O Cancioneiro de Uppsala, também conhecido como Cancioneiro do Duque da Calabria ou Cancioneiro de Veneza, é um livro que contém villancicos espanhóis, de autores em sua maioria anônimos, da época renascentista.
O único exemplar conhecido da edição foi encontrado em 1907 pelo musicólogo e diplomata Rafael Mitjana, na biblioteca da Universidade de Uppsala, na Suécia. Daí a razão do nome “Cancioneiro de Uppsala”.
A peça “Dadme albricias” – “Dê-me alvíssaras, que é nascido o novo Adão!” é uma das obras que pertence a esse cancioneiro. Podemos verificar nesse villancico uma das características comuns a muitas dessas obras, a saber, a presença de seções para uma só voz no início do estribilho ou nas estrofes ou em ambos, de forma que se pode estabelecer uma clara distinção entre as duas seções.
Observamos igualmente que tanto a música como o texto são extremamente simples, aproximando-se com a singeleza popular.
“Deem-me alvíssaras (boas notícias), filhos de Eva!
Digam-me o que foi dado a vocês?
Nascido é ele, o novo Adão.
Oh, Filho de Deus, e que nova!
Dá-me a notícia de alegria,
Pois esta noite nasceu
O Messias prometido,
Homem e Deus, nascido de mulher.
Por seu nascimento, ele nos redime
do pecado e do desejo.
Que é nascido o novo Adão.
Oh, Filho de Deus, e que nova!”
4. What child is this? – uma Canção tradicional inglesa
“What child is this?” é um cântico tradicional inglês, baseado numa melodia folclórica conhecida, “Greensleeves”. Vários textos foram escritos para essa melodia já no século 14.
A versão do texto, que será apresentada agora, foi escrita em 1865, por William Chatterton Dix, e foi publicada no livro “Christmas Carols New and Old” – “Canções natalinas antigas e novas”, em torno de 1867.
“1. Que criança é esta, que, colocada para descansar,
No colo de Maria está dormindo,
Que anjos cumprimentam com hinos doces
Enquanto os pastores estão vigiando?
Este, este é Cristo, o Rei,
Que pastores guardam e anjos cantam;
Corram, corram para louvá-lo,
O bebê, filho de Maria!
2. Por que Ele está deitado em tão pobre lugar
Onde o boi e o burro se alimentam?
Bom cristão, teme: para os pecadores aqui
A palavra silenciosa está suplicando.
Pregos e lança o transpassarão
A Cruz terá para mim, para você
Salve, salve o Verbo se tornou carne
O bebê, filho de Maria!
3. Então traga para ele incenso, ouro e mirra;
Venha, camponês, rei, para possuí-lo
O Rei dos Reis traz salvação;
Deixe os corações amorosos entronizá-Lo!
Elevam a música ao alto!
A virgem canta sua cantiga de ninar.
Alegria! alegria! para Cristo que nasceu,
O bebê, filho de Maria!”
5. Cantique de Noël – de Adolphe Adam
Cantique de Noel, Cantiga de Natal, é uma conhecida canção natalina escrita em 1847 pelo compositor francês do período romântico Adolphe Adam, para o poema “Minuit, chrétiens” – “Meia-noite, cristãos”, de autoria de Placide Cappeau.
Cappeau, poeta e mercador de vinhos, recebeu a incumbência para escrever esse poema cristão de um sacerdote da paróquia.
O texto, tanto na versão francesa, quanto nas duas versões posteriores inglesas, faz uma reflexão sobre o nascimento de Jesus e da redenção da humanidade.
“Meia-noite, cristãos, é a hora solene,
Quando Deus como homem desceu até nós
Para apagar a mancha do pecado original
E para terminar a ira de seu pai.
O mundo inteiro vibra de esperança
Nesta noite que lhe dá um Salvador.
Pessoas ajoelhadas, a esperar por sua libertação.
Natal, Natal, aqui é o Redentor,
Natal, Natal, aqui é o Redentor!”
6. Amazing Grace – uma Canção tradicional escocesa com letra de John Newton
Depois de um curto tempo na Marinha Real, John Newton iniciou sua carreira como traficante de escravos.
Certo dia, durante uma de suas viagens, o navio de Newton foi fortemente afetado por uma tempestade. Momentos depois de ele deixar o convés, o marinheiro que tomou o seu lugar foi jogado ao mar, por isso ele próprio guiou a embarcação pela tempestade.
Incentivado por esse acontecimento ele resolveu abandonar o tráfico de escravos, se converteu e se tornou pastor.
"Amazing Grace" é um conhecido hino tradicional protestante com a letra escrita pelo inglês John Newton, que, em poucas palavras, diz o seguinte:
“Graça incrível, como é doce o som
Que salvou um miserável como eu.
Certa vez estava perdido, mas agora fui encontrado,
Era cego, mas agora eu vejo.
Foi a graça que ensinou temor ao meu coração
E a graça que aliviou meus medos.
Quão preciosa essa graça pareceu
Na hora em que eu acreditei.”
7. Noite de Festas – de Aloysio de Alencar Pinto
Aloysio de Alencar Pinto nasceu em 1911, na cidade de Fortaleza, Ceará. Foi instrumentista, compositor e folclorista brasileiro. Aos sete anos começou a estudar piano com uma tia. Em 1927, conheceu em Fortaleza Nicolai Orloff, grande virtuose do piano, que se tornou seu professor e mentor de toda uma vida.
Mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi aluno de piano de Barroso Neto, no Instituto Nacional de Música.
Viajando a Paris, ali se aperfeiçoou com Robert Casadesus, pianista clássico e compositor francês, Marguerite Long, eminente concertista e professora francesa, e Nadia Boulanger. Aloysio foi um pianista de excepcional qualidade de formação clássica.
O seu acervo de compositor contém mais de 400 peças dos mais variados gêneros, entre missas, cânticos sacros, canções de câmara, músicas para órgão e piano (várias a quatro mãos e para dois pianos), obras camerísticas e orquestrais.
8. Chorinho Natalino – de José Vieira Brandão
José Vieira Brandão nasceu em 26 de setembro de 1911 na cidade mineira de Cambuquira. Diplomou-se pelo conservatório Nacional de Canto Orfeônico e foi responsável por várias primeiras audições de obras de Heitor Villa-Lobos. Dedicou-se mais tarde à composição e à regência coral. Na sua personalidade artística destacavam-se três aspectos que se inter-relacionam: o de educador, o de pianista e o de compositor.
José Vieira Brandão musicava poemas e textos de diversos escritores, além de escrever, algumas vezes, também a letra de suas músicas.
O Chorinho Natalino, composto em 1977, possui configurações rítmicas bem típicas do choro, com síncopes e alternância entre compassos binário e ternário.
9. Sinos de Belém – de Edino Krieger
Consagrado compositor brasileiro contemporâneo, Edino Krieger teve na sua fase de formação musical marcante influência artística e intelectual do maestro e compositor Koellreutter. Aos 17 anos recebeu o prêmio Música Viva. Aos 20 anos conquistou o 1º lugar no Concurso para Jovens Compositores da América Latina, promovido pelo Berkshine Music Center de Massachussets, onde estudou com Aaron Copland e Darius Milhaud. É respeitável crítico musical.
Recebeu inúmeros prêmios como o Internacional da Paz do Festival de Varsóvia; o prêmio da Fundação Rottelini de Roma; o 1º lugar no Concurso Nacional de Composição, promovido pelo MEC e Prêmio Nacional do Disco (1961).
Exerceu longa e intensa carreira na Rádio MEC, como produtor de programas, diretor musical e assistente da Orquestra Sinfônica Nacional daquela emissora. Escreveu obras para piano, cordas, orquestra, várias canções e música incidental para teatro e cinema. Fez incursões na música popular, idealizou festivais, foi presidente da Funarte e da Academia Brasileira de Música.
A peça Sinos de Belém das 20 Rondas Infantis (1952-1982), dedicada à maestrina Elza Lakschevitz e seu coro infantil, é uma obra simples, escrita para crianças e violão, em forma de cânone, contando a história do nascimento de Jesus, anunciada pelos sinos blém, blém, blém.
10. Viva a Noite de Natal – de Ricardo Tacuchian
Compositor, maestro e professor universitário, Ricardo Tacuchian, nasceu em 1939, no Rio de Janeiro.
Descendente de uma família da Armênia que emigrou para o Brasil, iniciou os estudos musicais ainda pequeno e aos 9 anos de idade começou a compor.
Aos 12 anos, entrou para a Escola Nacional de Música, estudando com professores renomados. Obteve os diplomas de Piano, em 1963, e graduou-se, em 1965, em Regência. Terminou a sua pós-graduação em Regência, em 1967, e em Composição e Orquestração em 1968, na mesma Escola.
Ao longo de sua vida, recebeu vários prêmios e homenagens pela sua atuação como compositor e outras atividades relacionadas com a música e a cultura.
Tacuchian pertence a várias associações científicas e culturais, destacando-se a Academia Brasileira de Música, fundada por Villa-Lobos, onde foi presidente por vários mandatos.
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